segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

“A escrita em tempos de tecnologia da educação”

“A escrita em tempos de tecnologia da educação”

 

Embora se faça presente atualmente, práticas digitais de leitura e de escrita, que exercem uma função revolucionária de interação, entre o ser humano e o conhecimento, a atividade proposta por meio de uma entrevista a uma pessoa que não tenha sido alfabetizada, denota uma condição de letramento, cujas práticas sociais de leitura e escrita, as condições em que essas práticas são postas em ação, bem como as conseqüências sobre a sociedade, retratam o relato apresentado pela pessoa de dona Sebastiana.

Segundo ela a necessidade da escrita se faz presente, porém não dá conta de expressar por meio de um intermediário que ocupa a função de escriba, rouba-se a intimidade, inibindo o pensamento, levando o portador a omitir seus anseios, privando a memória de exercer sua identidade individual.

Ainda que a escrita apresenta-se indissociável da oralidade, o mesmo não ocorre com a memória. Essa cumplicidade torna-se distante, a partir do momento em que o autor de suas memórias sinta-se incapaz de representá-la por intermédio da escrita, tendo que confia-la a um escriba.

No entanto, o enredo apresentado pelo filme os Narradores de Javé, aborda a oficialização da escrita advinda da memória coletiva do povo; dando a Antônio Bia total domínio, no que se refere a registrar os fatos, já que, intitula-se conhecedor das convenções da escrita.

Em suas mãos está o poder de alterar as idéias do povo, interferindo, portanto em suas memórias, fazendo valer suas convicções de maneira descompromissada, mesmo sendo-lhe atribuída a incumbência de documentar os fatos. Em uma das cenas Antônio Bia frisa que a história é do povo, porém, a escrita é por sua conta.

A preocupação de competição entre as memórias de supostos heróis e mulheres ousadas associa-se a escrita como opção única para documentar a vida social e cultural do povo, a fim de preservar a integridade não só da localidade como também das pessoas que ali viviam.

Contextos históricos opostos evidenciam determinadas práticas sociais, capazes de demonstrar que não existe adulto com nível zero de alfabetização, o fato que o indivíduo ocupa um lugar no espaço em que está inserido, já que vivemos em uma sociedade letrada, na qual os conhecimentos prévios, o conhecimento de mundo, crenças e costumes promovem práticas sociais que vão além da alfabetização pela palavra escrita, transitando por variadas e múltiplas formas de interação com o mundo.

Concluí-se que, nesse trilhar que a comunicação entre os diferentes tempos e espaços em que se processam os acontecimentos, torna-se um dado que reforça a existência de dois momentos da história da escrita: a criação da imprensa no período medieval e a era da informatização.

 

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